Relação indivíduo/sociedade

"A revolução da escola consiste em homogeneizar educação e sociedade, escola e vida, indivíduo e comunidade, em tempo simultâneo. Desaparece a anterioridade da escola em relação à sociedade. Elas formam o mesmo universo e participam, a igual título, com os seus representantes típicos - os jovens e os adultos - do processo continuado de renovação social. O universo dos pais é quase tão móvel quanto o dos filhos, as aspirações de ambos se ampliam num horizonte de emergência e de risco. Assim é que surge uma nova homogeneidade de que a linguagem é ao mesmo tempo o filtro e a transparência. A parceria das diferentes gerações representa o caminho de um novo "contrato social". O congraçamento delas representa o eixo vertical (tempo social), e o congraçamento das várias classes e grupos sociais o eixo horizontal (espaço social) cujo interseccionamento fará emergir um novo contrato social." (DTM, Para uma filosofia da educação fundamental e média, p.96)

  

"A relação indivíduo-sociedade pode ser concebida em três perspectivas: a de intercomunicação dialética, própria de toda civilização bem constituída, e que se baseia numa estrutura compreensiva (no sentido fenomenológico), integrativa dos termos opostos; a sociocêntrica, diluidora do indivíduo, ainda que sob promessa de sua liberação na comunidade perfeita, como acontece com a utopia comunista; e a individualista, cujo protótipo é o individualismo burguês, no qual o Estado se transforma em simples garantidor do interesse privado, especialmente o de propriedade, sua pedra angular. Adam Smith chega a doutrinar que o egoísmo individual é uma espécie de multiplicador de bens para a sociedade." (DTM, Subsídios para o plano de reforma da UFBa, p.99)

  

"O indivíduo ingressa na sociedade, não para se amassar, mas para cindi-la, nela se engrenar pelo conflito - desencadeador de uma seqüência dialética - ao cabo do qual a sociedade terá condições de acolher, ou não, uma nova forma de consciência, um novo ponto de partida; uma redefinição das situações e dos problemas." (DTM, Fenomenologia do processo educativo, p. 150)

 

"A relação fundamental entre o indivíduo e a sociedade se realiza em forma de intersecção. O conceito geométrico - do ponto onde se cortam duas linhas ou duas superfícies - serve para definir essa intersecção pela ruptura; essa vida nova que surge de uma ferida aberta; essa combinação de continuidade e descontinuidade, em que esta se reconquista a si mesma, permanentemente, daquela, e a continuidade novamente se impõe sobre a descontinuidade. Inter e secção: abertura e recusa; comunicação e corte." (DTM, Fenomenologia do processo educativo, p.150)