Planejamento educacional

"Costuma-se afirmar que no Brasil há excesso de idéias e planos de educação, restando só pô-los em prática. Puro engano. Acreditamos, ao contrário, que a nossa crise educacional é sobretudo uma crise de pensamento." (DTM, Indicações para uma política da pesquisa da educação no Brasil, p. 495)

  

"O tipo de empiricidade em que se realiza o planejamento educacional brasileiro tem aspectos positivos e negativos. Ele poderá significar - embora não se saiba se há essa intenção - o propósito de não precipitar a 'decantação' teórica antes que ela possa ser apoiada num lastro satisfatório de experiência; e nesse caso ela se desviaria, salutarmente, de nossa tradição administrativa de começar do a priori em termos tais que impedem o acesso à ordem empírica. Mas pode significar também insuficiência teórica e, sobretudo, inadequada compreensão da empiricidade e de sua relação com a teoria. Nem há empiricidade sem algum a priori teórico que a torne inteligível e controlável, nem teoria que não exerça a sua eficácia (ainda que virtual) na ordem empírica." (DTM, O planejamento educacional no Brasil, p.113)

  

"Não cometemos a ingenuidade de acreditar na eficácia mágica das estruturas. As mais corretas poderão ser utilizadas para fins espúrios. Existem condicionamentos sociológicos e pessoais que, por escaparem a qualquer planejamento, pedem mais paciência que estudo." (DTM, Subsídios para o plano de reforma da UFBa, p.65-66)

  

"Desejam [os técnicos do Ministério do Planejamento] ver intelectualmente resolvidos todos os problemas, e como as soluções intelectuais requerem apenas a coerência formal das idéias, é natural a tendência, no caso, para conduzir as reformas segundo o élan das idéias e o ritmo com que estas se articulam. Mas os tecnocratas misturam facilmente as duas tendências: a de planejar com facilidade e a de impor com facilidade; ou seja, a de formular a ordem e a de torná-la imperativa segundo as exigências de uma racionalidade desembaraçada dos empecilhos do real." (DTM, O planejamento educacional no Brasil, p.177-178)